Sabe-se que entre os fatores de risco para a voz na infância, temos o exerço de gritos característicos do comportamento da maioria das crianças e também distúrbios ressonantais (som da voz) providos de crises alérgicas, obstruções de vias áreas e etc. Mas, a minha consideração nesse post será mais voltada em relação à voz cantada, como um agravante, quando NÃO SE TEM A CONSCIÊNCIA NECESSÁRIA para entender que cobranças de volume e práticas do canto com tensões, podem contribuir para um possível processo disfônico, uma piora de voz com alteração orgânica, ou uma possível lesão.
Para ser objetivo e direto, separei três pontos importantes relacionados à consciência vocal para o canto infantil.
1 - COMPENSAÇÃO FONATÓRIA: Ao observar aspectos básicos de fala e prolongamento de vogal é possível detectar em uma considerável quantidade de crianças, qualidade vocal rouca e soprosa, demonstrando indícios de voz desgastada. Gostaria de chamar atenção para esses aspectos pelo fato de que quando se pede para uma criança dessas cantar, nem sempre essas características de voz rouca serão identificadas por ouvidos NÃO TREINADOS, pelo fato da criança realizar compensações musculares, ou seja, ajustar a voz para esconder as quebras e defeitos, muitas vezes acompanhado com esse processo então o ato de pigarrear constantemente antes da emissão, e tossidas corriqueiras provenientes do ressecamento do trato vocal (boca seca) por falta do hábito de hidratação (tomar água no dia-a-dia ou nos ensaios).
2 - USO DE AR RESIDUAL: As crianças que exercem a função de cantar em corais, muitas vezes quando NÃO RECEBEM UM TREINAMENTO RESPIRATÓRIO, usarão em demasia o que chamamos de ar residual, que seria popularmente falando “o ultimo fôlego” para terminar as frases cantadas. Isso contribui para uma “voz forçada” e hiperconstrição das pregas vocais, ou seja, um aperto desnecessário para conseguir cantar com firmeza.
3 - SOLICITAÇÃO DE VOLUME: É característico dos instrutores/coordenadores de corais quererem uma soma de voz com presença e potencia/volume, o CANTAR FORTE, e realmente musicalmente falando, isso chama atenção e valoriza o canto coral. MAS, É PRECISO ESTÁ ATENTO, pois nem sempre os corpos, ou seja, os organismos das crianças, me refiro a capacidade técnica, estão PREPARADOS, onde esse preparo NÃO SE ADQUIRI COM QUALQUER TREINO VOCAL. Pois, um treino vocal não embasado e não consciente podem agravar problemas vocais pelos pontos anteriormente citados: COMPENSAÇÃO FONATÓRIA E USO DE AR RESIDUAL entre outros.
Concluo falando, que é preciso que os pais e adultos que tem contatos com crianças em percebem uma voz dificultada, PRECISAM DAR IMPORTÂNCIA PARA ISSO, e buscar profissionais adequados para o ACOMPANHAMENTO E TRATAMENTO. Lembrem-se, isso NÃO É MENOS IMPORTANTES, nossa voz é nossa identidade, é nosso instrumento de comunicação, de expressão de sentimentos, e quando está afetada traz incômodos em outras dimensões de nossa qualidade de vida. Lembre-se que o falar fácil para a sua criança é importante assim com é pra você.
Qualquer dúvida ou esclarecimento sobre o assunto, estou à disposição.
Maxwell Silva
Pesquisador e Coach Vocal