domingo, 22 de maio de 2016

Adequação do Timbre: Fisiologia e Estética



O aproveitamento sonoro, ou seja, aquele timbre adequadamente esperado quando se canta, se dá pela favorável amplificação de harmônicos. Sistematicamente falando, existe o som provido da vibração das pregas vocais denominado por alguns autores por tom glótico, e os harmônicos que são encontrados, por exemplo, no próprio espaço da faringe (garganta), esses representam múltiplos da frequência dos ciclos de vibração das pregas vocais (frequência fundamental). Para melhor entendimento temos aqui uma explicação sobre trato vocal:

“Trato vocal é o nome genérico dado ao conjunto de cavidades e estruturas que participam diretamente da produção sonora; tem como limite inferior a região glótica e como limite superior, os lábios e/ou as narinas, no caso dos sons nasais. Se retificarmos o trato vocal, criaremos um cilindro de aproximadamente 17 cm de comprimento e 4 cm de diâmetro.” (RUSSO & BEHLAU, 1993)

A teoria de produção da voz Fonte Filtro (FANT, 1960) enfatiza justamente a influência do percurso do som depois de gerado o material aero dinâmico (o ar) em direção a fonte de gênese do som (as pregais vocais), ou seja, a eficiência e os aspectos sonoros da voz não dependem apenas de treino respiratório, vibração correta de pregas vocais sendo fenômeno passivo a respiração e controle de intensidade, é preciso ser trabalhado a consciência harmônica da emissão, usando como referência a sensação muscular, precisamente da musculatura cervical que tem contato direto com o comportamento da ressonância de cada voz.

Resgate na memória a característica do som do apito, sua sonoridade aguda tem relação direta com sua estrutura, estreito e curto, ou seja, menos harmônicos, ou uma série harmônica extremamente resumida. Agora, compare o som do violão com o cavaquinho, destaque a diferença de sonoridade, o violão por ser um instrumento maior, principalmente no seu corpo, demonstra um som mais balanceado de grave e agudo que podem ser monitorados manualmente pela disposição do braço longo, dando possibilidades distintas de som. Enquanto o cavaquinho, instrumento pequeno e curto demonstra exclusividade pelos agudos. É importante ressaltar que estamos falando de frequência e não de intensidade, que nem sempre são proporcionais em si, ou seja, podemos ter tanto frequências agudas e graves com baixa e alta intensidade. Um som grave pode ser mais forte que um som agudo e visse versa.

Em relação ao trabalho vocal, é ativamente correlacionado a frequência com a intensidade. Existem treinos que vão favorecer mais um parâmetro do que outro, mas é preciso no momento da emissão cantada que a atenção e compreensão sonora do falante estejam voltadas as sensações das estruturas supraglóticas e concepção da fonte sonora pela precisão do fluxo de ar ao projetar a voz. Isso favorecerá tanto a mecânica/fisiologia quanto a/o estética/timbre.

Maxwell Silva
Pesquisado e Coach Vocal

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