Algumas das Possíveis Diferenças
Estruturais entre Pessoas sem Queixa de Voz
Todas as técnicas vocais não terão o mesmo efeito nem objetivo para
todas as pessoas unanimemente
As diferenças
entre as vozes se dão obviamente por suas diferenças corporais (anatômicas) que
possivelmente serão variantes para as diferenças biomecânicas. A fisiologia
vocal mesmo sendo similar para todas as pessoas sem afecções (sem ter nenhum
órgão afetado) será diferenciada por variações anatomofisiológicas. Desta forma,
o efeito de determinada técnica ou conduta para um falante não será
absolutamente igual para o outro, pois além da consideração anatomofisiológica
supracitada, teremos variantes como a própria condição muscular de rigidez e
flacidez de cada pessoa, as diferenças de proporção glótica (tamanho de pregas
vocais), as características fonéticas e também as dimensões psicológica,
cultural e emocional.
Serão
pontuadas algumas possíveis diferenças estruturais pensando-se em pessoas com “vozes
normais”, com o intuito de contribuir para uma conscientização sobre a importância
de considerar as necessidades específicas de cada indivíduo. Lembrando que aqui
será abordado só a dimensão anatomofisiológica, sabendo que as dimensões
anteriormente citadas merecem atenção, pois tem influência direta com o
desenvolvimento do indivíduo principalmente numa adaptação como o canto.
Algumas das Possíveis Diferenças Estruturais:
Tipo Facial
Cada pessoa
apresenta dimensões faciais diferentes. Para facilitar o entendimento podemos
chamar de face curta , face longa , e os indivíduos de face equilibrada.
Possivelmente
os diferentes crescimentos craniofaciais resultarão em diferentes dimensões do
trato vocal fornecendo uma característica de sonoridade de emissão vocal para
cada individuo.
Sendo
assim, quanto maior o tamanho do trato vocal maior seria o deslocamento da
freqüência dos formantes em direção aos graves. Quanto menor o tamanho do trato
vocal, maior seria a amplificação na freqüência dos formantes agudos Os
indivíduos com face longa apresentaram dimensões do trato vocal maiores, quando
comparados com os sujeitos com face curta o aumento no tamanho e comprimento
das cavidades oral e faríngea produziriam características ressonantais,
comumente denominadas de voz abafada ou retraída, enquanto que, à redução dos
espaços das cavidades, seriam atribuídas à qualidade vocal oral, fina ou
imatura. (OLIVEIRA, A Qualidade da Voz e o Trato Vocal nos Indivíduos de Face Curta e Face Longa, 1999).
Palato Duro
Popularmente chamado
de céu da boca, essa estrutura óssea pode variar em sua largura e profundidade,
alterando o formato da parte oral do trato vocal, isso também influenciará no
tipo de ressonância que é expressa na emissão vocal.
Fechamento Velofaríngeo
Refere-se à
relação do palato mole, parte posterior do céu da boca (músculo) com a parede
da faringe (garganta), essa estrutura fecha-se em função biológica para que não
aconteça passagem de alimento para a parte nasal, quando engolimos.
Diferente do
que se é pensado pela maioria das pessoas, toda voz tem nasalidade, quando há
diminuição acentuada do componente nasal teremos uma ressonância hiposanal, que
tem impressão psicoacústica de voz “mais escura”. A voz popularmente chamada de
nasalizada se dar, quando há um aumento não proposital do componente nasal, ou
seja, maior dissipação sonora para a cavidade nasal.
O fechamento
velofaríngeo, ou precisamente fechamento do véu palatino (palato mole) –
ressonador ativo, controla a “dosagem do componente nasal”
Posicionamento de Língua
A língua é um
ressonador ativo, os seus diversos movimentos alteram a ressonância. Uma língua
posteriorizada (posicionada para trás) resultará no som que passa impressão de
tensionado, não soará agradável pra maioria das pessoas que escutam e até mesmo
pra quem emiti. Isso é um dos fatores que influencia negativamente a autoimagem
vocal principalmente de quem está começando a trabalhar o canto.
Considerações Finais:
Por mais que
tal aplicação de técnica seja eficaz para um individuo é importante considerar
tais fatores, que fazem parte de situações “normais“, mas, porém, se relacionam
diretamente com o tipo de emissão.
Uma situação:
Se um falante demonstra uma voz hiponasal, um trabalho para aumento de
dissipação nasal pode ser um ajuste favorecedor para o mesmo. Isso não é igual
para um individuo que tem hipernasalidade na fala, ou apresenta ajuste
hipernasal acentuado no canto, a conduta que favoreceria aqui seria controlar a
dissipação nasal.
O objetivo
deste post não foi expor intelecto, nem fazer qualquer divulgação de trabalho,
nem qualquer outra intenção além de contribuir para uma conscientização a cerca
do olhar especificado para as dificuldades vocais, levando ao entendimento que
cada pessoa demonstra um comportamento vocal, com isso o aperfeiçoamento será
variado para cada pessoa.
Maxwell
Silva
Pesquisador
vocal e Coach