terça-feira, 20 de junho de 2017

Diferentes Estruturas x Diferentes Vozes




Algumas das Possíveis Diferenças Estruturais entre Pessoas sem Queixa de Voz

Todas as técnicas vocais não terão o mesmo efeito nem objetivo para todas as pessoas unanimemente                       

As diferenças entre as vozes se dão obviamente por suas diferenças corporais (anatômicas) que possivelmente serão variantes para as diferenças biomecânicas. A fisiologia vocal mesmo sendo similar para todas as pessoas sem afecções (sem ter nenhum órgão afetado) será diferenciada por variações anatomofisiológicas. Desta forma, o efeito de determinada técnica ou conduta para um falante não será absolutamente igual para o outro, pois além da consideração anatomofisiológica supracitada, teremos variantes como a própria condição muscular de rigidez e flacidez de cada pessoa, as diferenças de proporção glótica (tamanho de pregas vocais), as características fonéticas e também as dimensões psicológica, cultural e emocional.                       
Serão pontuadas algumas possíveis diferenças estruturais pensando-se em pessoas com “vozes normais”, com o intuito de contribuir para uma conscientização sobre a importância de considerar as necessidades específicas de cada indivíduo. Lembrando que aqui será abordado só a dimensão anatomofisiológica, sabendo que as dimensões anteriormente citadas merecem atenção, pois tem influência direta com o desenvolvimento do indivíduo principalmente numa adaptação como o canto.                       

Algumas das Possíveis Diferenças Estruturais:


Tipo Facial

Cada pessoa apresenta dimensões faciais diferentes. Para facilitar o entendimento podemos chamar de face curta , face longa , e os indivíduos de face equilibrada.

Possivelmente os diferentes crescimentos craniofaciais resultarão em diferentes dimensões do trato vocal fornecendo uma característica de sonoridade de emissão vocal para cada individuo. 


Sendo assim, quanto maior o tamanho do trato vocal maior seria o deslocamento da freqüência dos formantes em direção aos graves. Quanto menor o tamanho do trato vocal, maior seria a amplificação na freqüência dos formantes agudos Os indivíduos com face longa apresentaram dimensões do trato vocal maiores, quando comparados com os sujeitos com face curta o aumento no tamanho e comprimento das cavidades oral e faríngea produziriam características ressonantais, comumente denominadas de voz abafada ou retraída, enquanto que, à redução dos espaços das cavidades, seriam atribuídas à qualidade vocal oral, fina ou imatura. (OLIVEIRA, A Qualidade da Voz e o Trato Vocal nos Indivíduos de Face Curta e Face Longa, 1999).


Palato Duro

Popularmente chamado de céu da boca, essa estrutura óssea pode variar em sua largura e profundidade, alterando o formato da parte oral do trato vocal, isso também influenciará no tipo de ressonância que é expressa na emissão vocal.



Fechamento Velofaríngeo

Refere-se à relação do palato mole, parte posterior do céu da boca (músculo) com a parede da faringe (garganta), essa estrutura fecha-se em função biológica para que não aconteça passagem de alimento para a parte nasal, quando engolimos.
Diferente do que se é pensado pela maioria das pessoas, toda voz tem nasalidade, quando há diminuição acentuada do componente nasal teremos uma ressonância hiposanal, que tem impressão psicoacústica de voz “mais escura”. A voz popularmente chamada de nasalizada se dar, quando há um aumento não proposital do componente nasal, ou seja, maior dissipação sonora para a cavidade nasal.
O fechamento velofaríngeo, ou precisamente fechamento do véu palatino (palato mole) – ressonador ativo, controla a “dosagem do componente nasal”


Posicionamento de Língua

A língua é um ressonador ativo, os seus diversos movimentos alteram a ressonância. Uma língua posteriorizada (posicionada para trás) resultará no som que passa impressão de tensionado, não soará agradável pra maioria das pessoas que escutam e até mesmo pra quem emiti. Isso é um dos fatores que influencia negativamente a autoimagem vocal principalmente de quem está começando a trabalhar o canto.



Considerações Finais:

Por mais que tal aplicação de técnica seja eficaz para um individuo é importante considerar tais fatores, que fazem parte de situações “normais“, mas, porém, se relacionam diretamente com o tipo de emissão.
Uma situação: Se um falante demonstra uma voz hiponasal, um trabalho para aumento de dissipação nasal pode ser um ajuste favorecedor para o mesmo. Isso não é igual para um individuo que tem hipernasalidade na fala, ou apresenta ajuste hipernasal acentuado no canto, a conduta que favoreceria aqui seria controlar a dissipação nasal.
O objetivo deste post não foi expor intelecto, nem fazer qualquer divulgação de trabalho, nem qualquer outra intenção além de contribuir para uma conscientização a cerca do olhar especificado para as dificuldades vocais, levando ao entendimento que cada pessoa demonstra um comportamento vocal, com isso o aperfeiçoamento será variado para cada pessoa.


Maxwell Silva
Pesquisador vocal e Coach